sábado, 26 de abril de 2014

Começa assim...

Olá!
Meu nome é Isadora, tenho 26 anos, sou advogada, nascida em Maringá (PR), filha do Humberto e da dona Belinha.
Quem nos conhece, sabe bem como temos uma relação especial com a seleção, preparo e degustação de alimentos. Com um pai agrônomo, dedicado a hortaliças e uma mãe, criativa e sempre disposta a por a mão na massa, não poderia ser diferente.
Mesmo nascendo em Maringá, ainda criancinha, nos mudamos pala Lavras (MG), cidade natal de minha mãe e de minha irmã Ana Julia.
Naquele tempo, meus tios maternos, em sua maioria, eram solteiros, e por assim ser, não perdiam uma "boquinha" em nossa casa. Almoçavam quase que diariamente conosco, e minha mãe, como sempre, tratava de por "mais água no feijão" para recebê-los como muito prazer.
Como eram "bons de garfo", lembra a minha mãe, comiam de tudo, mas como todo mundo, tinham suas preferências, desde o clássico arroz com feijão e bife até coelho assado, churrasquinho de gengiskan, costelinha de porco, frango com quiabo e polenta, combinações exóticas de saladas, refogados de legumes, frango xadrez e assim por diante.
Mas não eram só receitas consagradas que fazem da dona Belinha uma grande cozinheira. A imaginação sempre foi um ponto forte, ainda mais estimulada pela curiosidade do meu pai em conhecer novos ingredientes, sabores e aromas.
Me lembro de quando ainda morávamos em Lavras e meu pai, em uma de suas idas ao mercado, na época, o Rex, se deparou com uma alcachofra em uma das prateleiras. Tratou de colocá-la na sacola e recorreu à operadora de caixa perguntando: "A senhora sabe como preparar essa flor? É saborosa?". A resposta não foi esclarecedora, disse ela: "Olha, o senhor vai me desculpar, mas eu nem sabia que esse trem é de comer, mas se o senhor fizer me conta o resultado."
Meu pai, acabou levando para casa a alcachofra. Entregou a sacola nas mãos da minha mãe e disse: "Agora é com você!".
Minha mãe começou bem, colocou a alcachofra para cozinhar na panela de pressão e assim que começou a cheirar, retirou. Puxou todas as "pétalas" e serviu junto com o miolo, só teve um problema, junto com o miolo veio os espinhos. Quando fomos experimentar, em meio a gargalhadas, sentimos que daquela forma não seria possível. A dona Belinha logo retirou os espinhos e aproveitando, regou as "pétalas" e o miolo (já sem espinhos) com bastante limão e uma pitada de sal. A partir de então, alcachofra começou a fazer parte da nossa rotina, como tantos outros alimentos que fomos, com ou sem google, aprendendo a preparar.
Outro momento importante na relação da nossa família com a culinária foi quando voltamos de Lavras para Maringá. Maringaenses se derretiam pelo pão de queijo, pelo frango com quiabo e pelo porquinho preparado pela dona Belinha, ao mesmo tempo que, os lavrenses, nos períodos de férias, se deliciavam com os pratos que minha mãe aprendia por aqui, motivada pela variedade de ingredientes, de amigos cozinheiros, pelas referências da população oriental, abundante em nossa região, entre outros fatores.
Além disso, no ano passado, minha mãe descobriu ser vítima de câncer de mama, o baque foi pesado, mas a força e perseverança da dona Belinha não abalaram sua relação com a refeição, pelo contrário. Acompanhada por uma nutricionista, começou a ter novas referências gastronômicas. Assim, a alimentação saudável e menos calórica se tornou a nova realidade de nossos pratos. Mas não pensem que isso foi desestimulante, pelo contrário, a cada dia, novos ingredientes, novas receitas, novos sabores e aromas faziam parte da nossa rotina alimentar.
Em cerca de um ano, minha mãe perdeu cerca de 10 quilos, eu e meu pai permanecemos com o nosso peso, mas sem dúvida, nosso organismo agradeceu a reeducação alimentar que compartilhamos com a minha mãe em seu tratamento.
No centro oncológico da Unimed em Maringá, a dona Belinha se tornou exemplo de disciplina alimentar. A receita de seu suco correu por todos os corredores, ajudando muito pacientes a aumentar a imunidade e resistir melhor a quimioterapia. O bolo de abacaxi e coco que fazia no dia em que suas amigas finalizavam suas aplicações já era esperado por todos.
Seguindo a sequência desse histórico da nossa família com a alimentação, acrescento ainda que, há cerca de 3 meses, eu e minha mãe estamos participando de um Projeto muito bonito, chamado Marmita Solidária, então idealizado pelo Fábio. Nele, esquipes se reúnem diariamente para fazer 80 marmitas para os acompanhantes dos pacientes do SUS do Hospital do Câncer de Maringá. Lá as doações feitas pela Igreja, por entidade, empresas e pessoas físicas, são transformadas em compaixão e, como não poderia deixar de ser, se tornou mais um ambiente de criação e troca de receitas.
Portanto, a intenção deste blog é ser uma via para disseminar esse amor tão talentoso.
Então, que venham as receitas da dona Belinha, e algumas minhas também, lógico que, seguindo a inspiração que ela me provoca e as lições por ela ensinadas.

Um beijo e um queijo.

Isadora

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